A EMPATIA é um elemento fundamental para a qualidade de nossas relações.
Ela está diretamente relacionada ao comportamento pró-social, à aceitação dos outros, a saúde mental, à resolução pacÃfica de conflitos e à diminuição de comportamentos agressivos.
Mas,
o que é
empatia?
Conhecida pela metáfora "se colocar no lugar do outro", a empatia é considerada pelos cientistas contemporâneos como uma espécie de inteligência socioemocional, uma resposta humana comprovada fisiologicamente, que nos ajuda a sentir e compreender as emoções, circunstâncias, pensamentos e necessidades dos outros. Compreende um aspecto emocional e outro cognitivo.
EMPATIA EMOCIONAL
também chamada de empatia afetiva ou primitiva, refere-se à capacidade de experimentar o sentimento do outro. O indivÃduo observa os sinais emocionais do outro, como expressão facial, postura corporal e tom de voz, e, de forma condicionada, sente a mesma emoção. Considera-se também que a percepção dos sinais emocionais no outro pode lembrar o sujeito de experiências passadas, quando ele também viveu esta emoção, e a lembrança o faz sentir-se como quem ele observa. Quando choramos vendo algum filme, muitas vezes é porque estamos tendo uma reação empática com a situação vivida pelo personagem.
EMPATIA COGNITIVA
O componente cognitivo é o entendimento intelectual das emoções e pensamentos do outro, ou seja, a capacidade de compreender a situação e seu contexto a partir da perspectiva do outro, sua óptica, seu entendimento das coisas e seus respectivos componentes emocionais. Nem sempre o que afeta o outro me afeta, mas consigo entender que para ele, no entendimento dele, aquilo faz sentido.
EMPATIA COGNITIVA
pode ser estimulada, praticada e desenvolvida,
pois faz parte de um processo deliberado consciente*
* Enquanto a empatia emocional tende a ser involuntária e automática, a empatia cognitiva pode ser um ato deliberado e consciente, pois além de ativar as mesmas áreas do cérebro que a emocional (sistema lÃmbico), também aciona o córtex pré-frontal, área responsável pela capacidade de planejamento de comportamentos e pensamentos complexos, diferenciação de pensamentos conflitantes, determinação do bom ou ruim, melhor e pior, igual e diferente, consequências futuras de atividades correntes, previsão de fatos, expectativas baseadas em ações e controle social.
Diferentemente da simpatia, a empatia é um canal de conexão com outro que não depende de gostos ou afinidades, mas simplesmente de humanidade.
RSA Shorts - The Power of Empathy
Voz: Dr Brené Brown Animação: Katy Davis (AKA Gobblynne)
Tradução e sincronização Bruno Martins
Um bom exemplo no qual podemos notar uma grande diferença entre empatia e simpatia, é quando tentamos aliviar a dor e o sofrimento de alguém...
Nesta animação de 3 minutos, a Dra. Brené Brown explica a diferença entre simpatia e empatia, e como muitas vezes a melhor forma de ajudar alguém é simplesmente sermos capazes de entrar em contato com as nossas próprias fragilidades. Em geral, quando alguém compartilha algo conosco que é extremamente doloroso, tentamos ser simpáticos, solidários, e rapidamente dourar a pÃlula, dizendo algo supostamente positivo, na crença de que assim estamos ajudando. O fato é que raramente uma resposta pronta e apressada melhora algo. O que realmente pode fazer alguém se sentir melhor muitas vezes não depende de uma solução, e sim de uma conexão.
E por que
praticar
a empatia?
A empatia é a base do RESPEITO, pois quando nos colocamos no lugar de alguém para tentar entender seu ponto de vista, fica mais fácil aceitar as diferenças e lidar com os conflitos. O cultivo desse olhar mais complexo e abrangente é capaz de transformar a maneira como uma pessoa se relaciona com o mundo, com os outros e consigo mesma.
DESAFIOS DO SÉCULO XXI
Quando o barco tende para um lado a gente tem que correr e cuidar do outro para equilibrar. Ao mesmo tempo que o século XXI se apresenta transbordando em avanços tecnológicos, claramente nos deixa um grande desafio no que se refere à s relações humanas. Em um mundo cada vez mais freneticamente conectado por meios virtuais, o tête-à -tête saiu perdendo. Considerando que é justamente nesse encontro, nas interações com os outros, que aprendemos a nos relacionar, a constituir valores e a criar laços, não é de se admirar que atualmente tanto se fale em aprendizagem socioemocional como necessidade básica no âmbito da educação. Algo que o tempo de convivência fÃsica nos ensinava naturalmente algumas décadas atrás, transforma-se em uma das maiores carências no desenvolvimento das novas gerações. Não há computador, game, aplicativo ou rede social que seja capaz de suprir o feedback do tom de uma voz, do calor de um toque ou da expressão de um rosto diante do nosso comportamento. Isso é o que nos ensina a conviver. Mas como receber essa troca quando estamos todos olhando para a tela de um celular enquanto nos relacionamos?
APRENDIZAGEM SOCIOEMOCIONAL
A empatia é considerada uma importante habilidade dentro da aprendizagem socioemocional. Ser capaz de entender o outro ajuda na
compreensão e gestão das emoções,
com a capacidade de estabelecer relações positivas e a de tomar decisões responsáveis.
• Nos torna mais propensos a tratar as pessoas do jeito que gostarÃamos de ser tratados.
• Nos permite entender melhor nossas necessidades, assim como as das pessoas ao nosso redor.
• Nos deixa mais clara a percepção que criamos nos outros com nossas palavras e ações.
• Nos facilita lidarmos com conflitos interpessoais.
• Nos permite encontrar formas mais eficazes de expormos nossos pontos de vista.
• Nos ensina a respeitar, assim como nos reconhecermos merecedores de respeito.
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e ajuda a melhorar nossa capacidade de COMUNICAÇÃO, CRITICIDADE,
CRIATIVIDADE, COOPERAÇÃO e AUTOCONHECIMENTO.
O que andam falando sobre empatia . . .
• ARTIGOS, REPORTAGENS E ENTREVISTAS *
Empatia: o material escolar mais importante de volta às aulas
Homa Tavangar, agosto 2014 • Tradução livre
Meu material escolar mais importante de volta à s aulas não cabe em uma mochila, e não pode ser encomendado online. É tão essencial como um lápis, mas ao contrário de um lápis, nenhuma tecnologia pode substituÃ-lo. Em certo sentido, como uma nova caixa de lápis de cor, ele pode vir em várias cores. Melhor do que o mais recente gadget, é possÃvel equipar cada estudante com ele, e melhor ainda, quando o fazemos, isso pode transformar o nosso mundo. É realmente como um "músculo", que tenho exercitado em todo o verão. É a empatia.
Ensinar empatia: Por que não devemos esperar a empatia "apenas emergir"
Gwen Dewar, 2009 -2013 • Tradução livre
Ensinar empatia? Um cético pode perguntar se isso faz alguma diferença. Não podemos assumir que a empatia surgirá automaticamente, como parte do processo de desenvolvimento? Afinal de contas, até mesmo bebês mostram sinais de empatia. Por exemplo, experimentos confirmam que os recém-nascidos são mais propensos a chorar se ouvem gravações de outras crianças aflitas ou angustiadas. E as crianças normalmente começam a mostrar preocupação empática para com os seus familiares com idade entre 12 e 24 meses (Zahn-Wexler et al 1992). Mas isso não significa que o desenvolvimento da empatia vai "simplesmente emergir" se os pais não fizerem nada.
empatia e projetos sociais
Depoimento de diversos empreendedores socias sobre como veem a empatia e sua importância em seus projetos.
A civilização empática
Jeremy Rifkin investiga a evolução da empatia e as formas profundas com que moldou o nosso desenvolvimento e o da nossa sociedade.
Empatia e neurociência
Dra Riess, professora de psiquiatria da Harvard Medical School, realiza pesquisas sobre a Neurociência das Emoções e da Empatia.
O Poder da outrospecção
O filósofo e autor Roman Krznaric explica como podemos ajudar a impulsionar uma mudança social pisando para fora de nós mesmos.
empatia x rótulos
Tanya Awad Ghorra, MBA em Educação e Resolução Não Violenta de Conflitos, fala sobre os invisÃveis obstáculos para exercer a empatia.
A Erosão da Empatia
Simon Baron-Cohen, professor de Psicopatologia na Universidade de Cambridge, mostra a importância da empatia para a democracia.
O que andam fazendo pela empatia . . .
• INICIATIVAS, PROJETOS E PROGRAMAS *
A Ashoka é uma organização mundial, sem fins lucrativos, pioneira no campo da inovação social, trabalho e apoio aos empreendedores sociais. Ashoka Empathy é uma plataforma colaborativa para empreendedores sociais e outros que compartilham desta visão, a de uma sociedade na qual a aprendizagem da empatia é tão fundamental como leitura e matemática na educação infantil.
Empathy Library é um biblioteca online oferece uma série de ideias para grupos de leitura, clubes de cinema e projetos de empatia para escolas, organizações comunitárias e locais de trabalho. Roman Krznaric é um pensador cultural, membro do corpo docente fundador da The School of Life e aconselha organizações, incluindo a Oxfam e as Nações Unidas sobre o uso de empatia e do diálogo para criar mudanças sociais.
Roots of Empathy é um programa para sala de aula baseado em a visitas feitas por um bebê e sua mãe. Observando as ações do bebê, as crianças aprendem a identificar e refletir sobre seus próprios pensamentos e sentimentos, assim como dos outros. Através da empatia, o programa vem mostrando efeitos significativos na redução dos níveis de agressão entre alunos e aumentando a competência socioemocional dos mesmos.
Start Empathy, uma iniciativa da Ashoka, é uma comunidade de indivíduos e instituições voltada a trabalhar a questão da empatia no setor educativo. Não se trata de um único programa ou currículo, e sim da troca e colaboração entre empreendedores sociais, educadores, pais e acadêmicos, na busca por trazer essa habilidade tão fundamental para o século XXI.
O Empahty Museum, também projeto de Roman Krznaric, é uma aventura espacial e experimental para se sentir na pele de outras pessoas e ver o mundo através de seus olhos. Uma exposição itinerante internacional que começa em Londres e possui também uma versão on-line. O projeto é dedicado ao desenvolvimento da habilidade de empatia na intençao de criar uma revolução global das relações humanas.
Empathetics oferece uma formação para profissionais da saúde, baseada nas pesquisas sobre a Neurociência das Emoções e da Empatia feitas pela Dra Reiss, professora de psiquiatria da Harvard Medical School. O curso gira em torno das interações humanas e como melhorar o comportamento interpessoal nessa prática pode beneficiar tanto pacientes e médicos.